sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Óbidos

Igreja da Misericórdia
Antiga Capela do Espírito Santo, aqui foi fundada pela Rainha D. Leonor a Santa Casa da Misericórdia de Óbidos, segundo a tradição, ainda em 1498. A igreja sofreu várias reformas, sobretudo a partir de finais do século XVI, quando é reedificada, sendo a mais importante, pelo menos no seu interior, a levada a cabo na segunda década do século XVII pelo Provedor da Misericórdia e Prior de São Pedro, Doutor João Vieira Tinoco.

No exterior destaca-se o portal de arrojada composição, rematado por um nicho com uma imagem da Virgem com o Menino de cerâmica vidrada e pintada, de provável produção lisboeta dos anos de 1665 a 1680 (José Meco, 1998). As portas de madeira estão datadas de 1623.

O interior, de uma só nave, está integralmente revestido de azulejos azuis e amarelos de tipo padrão (c.1625-30). Assinale-se o importante conjunto de talha maneirista formado pelo cadeiral/tribuna dos mesários e pelos retábulos. O retábulo da capela-mor, obra do entalhador Manuel das Neves sob risco de João da Costa, ostenta duas grandes pinturas de André Reinoso - a Visitação da Virgem a Santa Isabel e o Pentecostes, de cerca de 1628-1630. Os colaterais, também do entalhador Manuel das Neves, de 1626, dourados por Belchior de Matos que havia pintado o painel da Invenção da Santa Cruz para o do Evangelho, hoje no Museu Municipal, abrigam hoje as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores, ambas de “roca”, encimados por pinturas também de André Reinoso - Cristo a caminho do Calvário e o Descimento da Cruz.

Em meados do século XVIII a igreja terá sido reformada uma vez mais, como atesta a data de 1744 na fachada, de que datarão o escudo real que encima o portal da igreja, um outro que encima o arco triunfal, a pintura sobre o mesmo arco, os dois armários laterais da capela-mor e o tecto da nave, com as armas reais no centro. Destaque ainda para o púlpito de pedra lavrada, com a data de 1596, decorado por cartelas e volutas que ostenta na base uma curiosa urna para recolha de ofertas, e para a laje tumular armoriada setecentista da Condessa de Cavaleiros, D. Luísa Guerra. Da sua imaginária salienta-se o magnífico Cristo Crucificado de provável origem espanhola (século XVII) e as imagens da Virgem com o Menino, Santo António e São José, todas na capela mor.

Exposta na igreja pode admirar-se ainda a antiga bandeira da Santa Casa da Misericórdia, pintada por Diogo Teixeira em 1592, que parece representar na figura do rei as feições de D. António, Prior do Crato (Sérgio Gorjão, 2000).

Anexo a esta igreja fica o antigo Hospital da Misericórdia, com Sala de Sessões de rica decoração barroca.

Viana do Castelo

A Igreja da Misericórdia, classificada como Monumento Nacional desde 1910, data do século XVI, embora a sua actual traça corresponda a um forte restauro ocorrido no século XVIII, pelo engenheiro Manuel Pinto de Vilalobos. Apresenta soluções planimétricas comuns na região, com planta longitudinal, de nave única, altares à face, sem transepto e capela-mar pouco profunda. As paredes interiores do templo encontram-se totalmente revestidas de azulejos, pintados por Policarpo de Oliveira, que os assinou, e assentes por Manuel Borges.
Os da Capela-mar aludem a quatro episódios da Vida de Nossa Senhora (lado da Epístola) e quatro episódios da vida do Menino Jesus (lado do Evangelho).
O arco cruzeiro é dedicado inteiramente a Nossa Senhora da Misericórdia.
O corpo da igreja contém painéis relativos às Obras de Misericórdia, havendo mais um com a Dança do Rei David, de pequenas dimensões e que supomos apenas com a função de encher espaço.
É curiosa a escolha ilustrativa dos temas. Policarpo de Oliveira vai buscar a passagem moisaica da travessia do Mar Vermelho, vendo-se a confusão dos egípcios no meio do turbilhão das águas, muito embora vistam armaduras romanas. A distribuiação interna dos Retabulos está exposta nos anexos. O aretbulo da Capela mor é do 1° Ciclo do barroco, risco de Ambrosio Coelho em 1719. Os restantes retábulos terão sido talhados e dourados entre 1718 e 1733 e são em estilo nacional. As sanefas aso posteriores e datam dos anos 70 deste século (Rococo).

Azambuja

A Igreja e edifício da Misericórdia da Azambuja, também conhecida por Igreja do Espírito Santo enquadra-se na Categoria da arquitectura religiosa, tipologia de Igreja, está classificada como Imóvel de Interesse Público (IIP) pelo Decreto n.º 31/83, DR 106, de 09-05-1983.



“A vila de Azambuja, inicialmente denominada por "Vila Franca", foi fundada por D. Sancho I em 1200, que concedeu a povoação a D. Rolim, um cruzado flamengo. Na segunda metade do século XIII, a vila era governada pelo alcaide Rui Fernandes, que em conjunto com a sua mulher D. Elvira Esteves, executou em 1272 o primeiro foral, que consignava a regulamentação da vida da comunidade, tanto no centro urbano como no seu termo. “


O primeiro hospital da vila foi instituído em 1304 por Pedro Estevães do Sobral e sua mulher, Esteva Fernandes, entregue à irmandade do Espírito Santo, que edificou capela própria no espaço adjacente.


Em 1552 os irmãos do Espírito Santo decidiram fundar uma irmandade da Misericórdia em Azambuja, com sede na sua capela. À semelhança do que aconteceu em muitas localidades do país, a Misericórdia foi autorizada posteriormente por provisão régia, passando a administrar os organismos de assistência já existentes na vila. Desta forma, tanto a Irmandade do Espírito Santo como o seu hospital passaram para a alçada da Misericórdia, cujo templo terá sido transformado posteriormente, talvez já no início do século XVII, segundo um projecto de gosto maneirista. Os espaços da capela e do edifício da irmandade estão dispostos de forma contígua, desenvolvendo-se longitudinalmente.


O templo apresenta um modelo estrutural muito semelhante às igrejas de Misericórdia construídas na mesma época, com planta de nave única, formando um espaço unitário articulado com a capela-mor. A fachada, cuja estrutura apresenta um registo único, possui ao centro um portal de moldura rectangular ladeado por pilastras e encimado por frontão esculpido em 1701, segundo data inscrita no mesmo, rematado por cruz e pináculos e enquadrando o escudo de Portugal ladeado por duas esferas armilares.


Do lado esquerdo da fachada foi colocada a sineira, também rematada por frontão triangular. A fachada lateral do templo apresenta no registo superior duas janelas de sacada, com guarda de ferro e moldura rectangular rematada por friso. O interior, de nave única, possui coro-alto e púlpito, do lado do Evangelho. O espaço é coberto por tecto de dois panos. Junto ao arco triunfal, decorado com talha dourada, foram edificados os altares colaterais, de talha rococó policroma. A capela-mor, coberta por abóbada de berço, alberga ao centro o altar principal, de talha barroca dourada.


No espaço exterior à igreja subsiste ainda o claustro hospitalar, de planta rectangular com apenas um piso, aberto por arcada de volta perfeita assente sobre colunas toscanas.”


Fonte: IPPAR

Alcácer do Sal

A igreja da Misericórdia, sita no centro histórico da cidade de Alcácer do Sal, na rua Rui Salema, abre as portas para os visitantes durante este mês e pode ser visitada de segunda a sexta-feira entre as 9 e as 12 horas e entre as 14 e 17 horas.

A igreja, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Alcácer do Sal, encontra-se habitualmente fechada e durante alguns anos serviu de capela mortuária. Data de 1547, de acordo com uma inscrição na verga de uma das portas.

Com influências manuelinas, maneiristas e barrocas, o templo tem uma compartimentação especial característica, uma vez que a nave e a capela-mor surgem integradas no mesmo espaço. Inicialmente decorada por milhares de azulejos seiscentistas, foi alvo de uma profunda reforma no século XIX, tendo sido modernizada e conserva só os azulejos na metade inferior das paredes.

O destaque vai também para a pintura de Francisco Flamengo, pintor natural de Setúbal, que em 1895 criou no tecto da igreja uma bonita imagem em que estão representadas as três virtudes: a fé, a esperança e a caridade. Já o retábulo do altar-mor é ilustrado com uma Visitação.

Oleiros

A Misericórdia de Oleiros teve alvará em 20 de Maio de 1578, tendo ficado com os bens da Ordem do Hospital. A sua sede e capela ficam situadas junto da Igreja Matriz.

Este sóbrio edifício foi erguido no séc. XVI, no reinado de D. Manuel I. Destaca-se no entanto, na sua fachada principal, a inscrição com a data 1714 que indica, provavelmente, o ano em que foram concluídas as obras de reconstrução, 200 anos depois.

Apresenta uma planta longitudinal, com uma única nave e nicho na fachada principal. Este imóvel, de dois registos, exibe vãos de lintel recto e empena triangular encimada por cruz latina.

No seu interior contempla-se um retábulo de boa talha dourada de estilo nacional com cornija ligada ao tecto e um revestimento de excelentes caixotões pintados. Este interior foi contemplado recentemente com uma interessante intervenção de restauro.

É nesta capela que estão recolhidas as imagens, em tamanho natural, de S. João Evangelista, Nossa Senhora das Dores, Senhor dos Passos e o Senhor Morto. Estas belas imagens, de grande expressividade, apenas saem deste local na Procissão dos Passos e na Semana Santa.

Álvaro

Igreja da Misericórdia de Álvaro restaurada
Escrito por P.M.
28-Set-2008
Oleiros

A Igreja da Misericórdia de Álvaro, no concelho de Oleiros, está a sofrer obras de requalificação profunda, já em fase de conclusão. Uma parte do imóvel data de 1597. Na capela anexa do Senhor dos Passos foram limpos os tectos e altares. As paredes foram, erradamente, pintadas com tinta branca, de modo que as pinturas originais na madeira, foram tapadas. Agora toda essa tinta foi removida, de modo a poder destacar o original.

A imagem do Senhor dos Passos, em tamanho real, feita de pedra, foi limpa e restaurada. Esta tem a particularidade de nunca sair da igreja, bem como as cinco Marias que a acompanham. Os tectos foram limpos, uma vez que devido à sujidade não se reconheciam as imagens. Uma outra imagem, em tamanho real, do Senhor Morto em madeira, que costuma sair para rua em procissão pela Semana Santa, também foi limpa. A Igreja sofreu também obras no exterior. Um dos nichos, incrustado numa das paredes, com a imagem de Nossa Senhora das Dores, pintada a óleo, foi igualmente restaurado. Por cima da porta de entrada principal encontra-se a imagem da Rainha Santa Isabel, que foi limpa e restaurada, e colada com cola especial, para que ninguém a possa arrancar do sítio.

De resto, o edifício foi rebocado e pintado de novo. O telhado teve dois acrescentos, tanto do lado direito como esquerdo, com duas asnas, para cobrir a deficiência das paredes que não são direitas. Em tempos, com vista a alargar a rua, para passarem os carros pesados, parte das paredes foram encurtadas na sua espessura, de modo que não são direitas.

A igreja possui dois sinos na torre, que foram recuperados. Na porta principal foram colocadas novas cantarias verticais, feitas em Pêro Pinheiro. A cantaria horizontal foi restaurada e manteve-se. O edifício foi construído em chão não firme, de modo que o passar dos anos, estava a abrir um rasgo a meio e ameaçava partir-se em dois. Com vista a corrigir esta situação, foram colocados um lintéis de betão e ferro, a toda volta, para dar resistência ao edifício. As fissuras já bem visíveis, como aquela que tinha quebrado a meio a cantaria horizontal da porta principal, foram tapadas. O telhado foi colocado de novo, com isolamento, telhas e madeira nova. No fundo, como realça o Provedor José Mateus, a nível das estruturas do edifício, só se aproveitaram as paredes e alguma cantaria. No chão da igreja, metade em madeira e outra parte em lajes de xisto, mantiveram-se os materiais originais mas que foram substituídos.

O responsável lembra que já havia infiltrações de água. Muita da madeira estava podre e não se aproveitou. O espaço estava invadido pela bicharada, principalmente morcegos. Daqui a dois ou três anos o edifício acabava por cair.

A recuperação do imóvel considerado monumento nacional começou a ser pensada há três anos, mas só agora se dispôs de verbas para tal, recorrendo a fundos comunitários As obras estiveram a cargo da Direcção Geral dos Monumentos Nacionais, co-financiadas pela Comunidade Europeia e Câmara de Oleiros. Foram gastos 300 mil euros.

Anexo à igreja existe um espaço que se vai tornar museu, onde serão colocadas imagens de santos e quadros pintados a óleo. Serão expostos três quadros pintados a tela, que exibem imagens dos fundadores da Misericórdia, e a imagem da Nossa Senhora das Misericórdias. Na posse da Misericórdia estão oito quadros de pintura a óleo que representam a Via Sacra, que também vão ser exibidos. Eram 14, mas oito foi roubados. A igreja integra também uma sala de reuniões, casas de banho (novas) e sala de arrecadação. Os soalhos e o tecto do salão foram colocados de novo, com madeira de castanho e de carvalho.

Imóvel muito antigo

Uma parte do imóvel data de 1597, enquanto a anexa capela do Senhor dos Passos foi acrescentada apenas em 1798. Esta última foi mandada construir por um capitão natural de Álvaro, cujos restos mortais estão ali depositados, numa sepultura coberta com uma grande laje de pedra.

A igreja será inaugurada a 8 de Novembro. A cerimónia começa pelas 10h30, seguindo-se a missa na Igreja. À tarde há convívio e almoço, que decorre no Pavilhão da Junta, sendo aberto a todos os moradores da aldeia e irmãos da Santa Casa.

Vimieiro

A Santa Casa da Misericórdia do Vimieiro nasceu no ano de 1550 a instância do 4º donatário da vila, D. Francisco de Faro e Noronha e de outros habitantes formados em irmandade.
O templo primitivo, posterior, levantou-se de raiz a expensas de Jacinto de Faria Barreto, que nele jaz sepultado e lhe outorgou fundação da missa quotidiana.
A fachada em alvenaria singela, como se pode ver na foto, linha de arquitectura barroca, talvez ainda de fins de quinhentos, empena triangular. Porta de mármore branco, com frontão de enrolamento, época bastarda, rococó, do último terço do século XVIII. Sobrepujante, com moldura rectangular, interessante painel de azulejos polícromados, seiscentistas, de provável fabrico espanhol, marcado coma as iniciais, F. M. A., representando N.ª Sr.ª das Misericórdias, como se pode observar na segunda foto.
Não consigo dar-vos as coordenadas “precisas”, mas a Igreja situa-se na rua da misericórdia do lado direito. A coordenadas segundo o Google Earth as coordenadas são as seguintes: 38º49´46.86´´N 7º50´24.14´´O.

Porto

Inicialmente, a Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia instalou-se na capela de S. Tiago, no claustro velho da Sé do Porto no entanto em 1555, atendendo à beleza da Rua das Flores, aberta por D. Manuel alguns anos antes, mudaram para lá a Casa do Despacho, iniciando nesse mesmo ano a construção da sua igreja, que seria benzida em 13 de Dezembro de 1559.

Deve acrescentar-se que a existência desta igreja e confraria se deveu à constituição da Santa Casa da Misericórdia do Porto em 1502, constituída na sequência duma carta que D. Manuel I escreveu, em 1499, «aos juizes, vereadores, procurador, fidalgos, cavaleiros e homens bons» da cidade, na qual lhes recomendava a criação duma confraria semelhante à de Lisboa, instituída no ano anterior.

A igreja foi benzida ainda incompleta pois a construção da capela-mor data de 1584, recebendo o Santíssimo em 1590.

A igreja foi reedificada em 1748, sendo reforçadas as paredes, construídos abóbadas novas e uma nova fachada, desenhada por Nicolau Nasoni em estilo «barroco luxurioso do sul de Itália, já dominado pelas formas do rococó». Da antiga igreja preservou-se apenas a capela-mor.

"A fachada assenta sobre três arcadas que abrem o andar inferior, apoiadas em altos pedestais. O arco central, porta de entrada para o vestíbulo, é rematado por uma cartela com uma legenda bíblica e a data de 1750, sendo esta zona central fechada com um frontão circular partido e profusamente decorado; os laterais são rematados por conchas. O segundo piso, assente no entablamento divisório, termina também num frontão circular, partido, luxuriantemente decorado; compõem o conjunto três janelões de recorte ondulado (de maiores dimensões o central), encimados por frontões ricamente decorados. Remata a fachada um grande frontão, com o emblema da Misericórdia e a coroa real, e sobre a cornija encurvada erguem-se quatro fogaréus e, no topo, uma cruz de pedra trabalhada. "

"O interior da igreja é de uma só nave com abóbada de tijolo recoberto de estuques e as paredes estão revestidos de azulejos azuis e brancos, que substituíram, em 1866, os primitivos. A capela-mor é coberta por uma abóbada barroco-jesuítica decorada, em granito, e as paredes, também em granito bem trabalhado, dividem-se em dois frisos: o superior decorado com colunas coríntias e janelas com grades de ferro dourado (do século XIX); no inferior, com colunas jónicas, abrem-se vários nichos com imagens dos evangelistas do século XVI, em madeira, mas pintadas em 1888, a imitar mármore. A decoração interior tem alguns aspectos valiosos, nomeadamente a sanefa de talha neoclássica do arco cruzeiro, onde figuram as armas reais e a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia. De algum valor artístico são ainda as capelas e os altares laterais, com painéis e imagens valiosos, o coro, assente num belo arco abatido e recortado e o guarda-vento com vistosa talha rococó. "

No claustro, em cuja galeria figuram retratos de vários pintores portugueses, há uma lápide comemorativa do antigo hospital de D. Lopo, reminiscência do primitivo hospital fundado com o legado de D. Lopo de Almeida, uma obra de assistência que a Misericórdia sempre assumiu como um dos seus mais firmes compromissos e a levou a construir, em 1769, o Hospital de Santo António, para substituir os exíguos e mesquinhos hospitais que então possuía e administrava. Relembre-se pois, que a Misericórdia portuense é o maior senhorio privado do Porto e um dos maiores do País. O Estado é um dos seus muitos locatários, tendo arrendados os hospitais de Santo António e do Conde Ferreira, as escolas secundárias de lrene Lisboa e Carlos Cal Brandão e as esquadras da PSP do Amial e do Pinheiro Manso.

O tesouro da Santa Casa, conservado no seu Arquivo Histórico (com documentação e códices valiosos) e no Museu (em constituição), é igualmente de grande riqueza, com destaque para várias peças de ourivesaria e excelentes pinturas, em que sobressai o célebre quadro «Fons Vitae», um óleo em madeira, obra-prima do gótico final, de autor desconhecido, mas dos princípios do século XVI, oferecido à Misericórdia por D. Manuel I e que serviu de retábulo na primitiva capela de S. Tiago e se conserva agora na magnífica Sala das Sessões da Santa Casa.

Elvas

Esta igreja, dedicada a Sta. Luzia, e, pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Elvas, terá tido uma primeira edificação no sec. XVI, posteriormente modificada aquando da construção do Hospital anexo. A igreja tem pequena frontaria com pórtico de verga direita em granito da região, com molduras e pináculos, tendo ao centro um nicho com uma imagem de N. Sra. da Piedade. Completando-se a mesma com duas janelas simples e um óculo oval no frontão que está encimado por uma cruz. Ladeiam a frontaria duas torres sineiras.

O interior é de três naves, separadas por arcos de volta perfeita em quatro tramos. A capela-mor tem altar de alvenaria com tribunas laterais. Colateralmente existem dois altares de madeira entalhada. Destaca-se sobre o arco triunfal, de volta perfeita, as armas reais e o emblema da Misericórdia Elvense. Ainda há a registar a existência de púlpito de base petrea e grade em ferro forjado. Como em quase todas as igrejas das Misericórdias existem os bancos dos Mesários datáveis do sec. XVIII.

Tentúgal

Localiza-se na Rua Dr. Armando Gonçalves. Planta longitudinal, com nave única, clara e ampla e coro-alto, tendo no lado direito a tribuna dos mesários, com cobertura de tecto em duas águas. Fachada com portal, sobrepujado pela janela do coro, encimada pelo baixo relevo da Virgem da Misericórdia. À esquerda, a torre com uma ventana de cada lado e remate piramidal.
Nota Histórica:
A Misericórdia deve a sua fundação a D. Filipe I, por Alvará datado de 1583. Por este documento estipulava-se a anexação da Irmandade de S. Pedro e S. Domingos e o hospital entregues à administração da Misericórdia. Foi este mesmo monarca que mandou edificar a igreja

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Igreja da Misericórdia de Chamusca

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Igreja do Senhor da Misericórdia é a maior e, provavelmente, a mais rica das igrejas da vila da Chamusca. Está situada no seu centro, rodeada por um jardim e emoldurada por várias palmeiras. Datada do século XVII, é um exemplar do estilo chão, estilo arquitectónico marcante da arquitectura maneirista portuguesa desta época.


História
O templo foi mandado edificar em 1619, por D. Rui Gomes da Silva Mendonça e Lacerda, Conde da Chamusca e Senhor de Ulme. As obras, coordenadas pelo Mestre Domingos Marques, começaram a 20 de Abril de 1622, tendo sido concluídas apenas em 1629, com inauguração no dia 1 de Junho desse ano. No entanto, os trabalhos prolongaram-se para além da sua abertura ao culto, tendo sido executados o retábulo do altar-mor e a sua pintura a ouro (em 1631), o seu adorno com um quadro sobre A Visitação de Santa Isabel (em 1636), o revestimento a azulejos da Capela do Senhor dos Passos (em 1643, pelo Mestre Gaspar Gomes), a construção do coro alto (em 1644) e o início da construção da Casa do Despacho e da torre direita (em 1668).

O edifício foi sofrendo várias outras alterações ao longo dos tempos, das quais há a destacar as grandes obras de restauro que comportou logo cem anos após a sua construção, numa altura em que o edifício ameaçava ruína. Este restauro conferiu o actual aspecto à frontaria, tendo a grande janela do coro sido substituída pelas duas janelas agora existentes (em 1722). Para além disso, foram modificados os quatro arcos da capela-mor, que eram até então de alvenaria e que, actualmente, são trabalhados em pedra (igualmente em 1722). Todo este restauro foi pago por um escalabitano, Manuel dos Santos Fortes. Durante este século foram ainda dourados os tronos da capela-mor (em 1702) e o da Capela do Senhor dos Passos (em 1749), foi reconstruído o coro (em 1745), foi colocado o púlpito (início do século) e foi aplicado o revestimento azulejar da nave (na segunda metade do século).

Durante a primeira invasão francesa, foram confiscadas a esta igreja uma lâmpada, seis castiçais, um par de galhetas com o seu prato, um turíbulo e uma naveta com a sua colher.

Devido ao estado deplorável a que havia chegado nos inícios do século XX, a igreja sofreu obras de vulto em 1900 e em 1947, nas quais se procurou restituir-lhe a traça original que havia sido descaracterizada nas várias intervenções anteriores.


Caracterização
Toda a fachada frontal da igreja é branca, possuindo oito janelas, das quais as três centrais se encontram encimadas por frontões. O portal principal é um excelente exemplo da arquitectura portuguesa deste período, sendo encimado por um vão recto com uma imagem de um santo. A igreja é ladeada por duas torres sineiras.

O corpo da igreja é constituído por uma só nave, sendo esta revestida por um silhar de azulejos do século XVIII, e o seu tecto, em abóbada de berço, apresenta pintado o brasão real, com a cruz de Cristo. Sobre a porta principal encontra-se o coro alto, com antepara de balaústres torsos em madeira. Na parede do lado do evangelho encontra-se o púlpito, em balaústre, enquanto que na parede contrária está situada a tribuna dos mesários, balcão longitudinal constituído pelas treze cadeiras de espaldar alto dos irmãos da Misericórdia, igualmente em balaústre e datada do século XVIII. Nas suas costas, fica a Sala do Despacho, onde se encontra o arquivo da Santa Casa da Misericórdia, e que contém um armário, do século XVIII, destinado a albergar a bandeira da Irmandade.

A nave da igreja e a capela-mor encontram-se separadas apenas por cinco degraus de pedra, trazidos de uma outra igreja entretanto desaparecida, e no cimo dos quais está colocada uma grade com balaústres do século XVIII. Na capela-mor, destacam-se quatro arcos de volta inteira, encimados por sanefas em talha rococó. Destes arcos, dois dão acesso à entrada norte, ao coro e à Sala do Despacho, respectivamente, outro à Capela do Senhor dos Passos e, no restante, foi colocado um altar de talha dourada do século XVIII, no qual se encontra colocada a imagem de Nossa Senhora da Soledade. A Capela do Senhor dos Passos é revestida a azulejos policromados do século XVII.

O altar-mor, em trono, para a exposição do Santíssimo, é constituído por talha dourada do século XVIII. É aqui que se encontra o Senhor Jesus da Misericórdia, belíssima imagem de Cristo pregado na cruz, que data de finais do século XVI e é atribuída à Escola Espanhola. Esta imagem foi colocada no trono em 1629, tendo-lhe sido acrescentado em 1704 o resplendor de prata.

Por baixo do altar-mor, encontra-se numa urna envidraçada uma imagem do Senhor Morto, representando Jesus depois de retirado da cruz, tendo ao seu lado Nossa Senhora. Este conjunto, juntamente com as imagens em roca do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora da Soledade, data de 1717 e é atribuído ao escultor francês Claude Laprade. Das outras imagens existentes, há a destacar as de Santo António, de São José (do século XVIII), de São Francisco (em madeira, de 1773) e de Nossa Senhora da Conceição (datada de 1795). Esta duas últimas imagens são provenientes da antiga Igreja dos Terceiros de São Francisco. Para além disso, a igreja contém ainda uma imagem indo-portuguesa da Virgem, em marfim, e um quadro setecentista de Pedro Alexandrino, representando A Visitação de Santa Isabel.


Devoção ao Senhor da Misericórdia
A imagem do Senhor da Misericórdia sai uma vez por ano à rua, na noite de Sexta-Feira Santa, para a Procissão dos Fogaréus, a celebração religiosa mais antiga e mais importante da vila. De resto, a devoção ao Senhor da Misericórdia data já desde a fundação do templo, sendo-lhe mesmo atribuído um milagre, ocorrido a 23 de Outubro de 1807.

Nesse ano, Portugal havia sido invadido pelas tropas francesas de Napoleão, que tinham tomado a Golegã e tentavam atravessar o Tejo para saquear a Chamusca. O povo da vila acorreu ao Senhor da Misericórdia, tendo as suas preces sido ouvidas, pois os soldados foram arrastados por um aumento súbito do caudal do rio. As tropas francesas desistiram então dos seus intentos, mas, em jeito de vingança, decidiram bombardear a vila. No entanto, as balas dos seus canhões não causaram vítimas nem quaisquer estragos materiais, com excepção apenas do pelourinho da vila, que foi destruído.

A Igreja da Misericórdia de Caminha

Caminha, praça de armas e velho burgo fronteiriço, porto convergente de vias fluviais e terrestres, de todos aqueles que, quer em missões comerciais, quer como peregrinos dirigindo-se a Santiago de Compostela, aqui passavam, e vivia um movimento intenso de viajantes que, durante alguns dias aqui permaneciam, descansando antes de retomar a viagem.

Em 1499 fundava-se a Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia, cuja ermida se situava fora de muros há já muitos anos, e no local onde mais tarde se viria a fazer o convento de Santa Clara.

Com a aparecimento das Misericórdias, foi fundada em Caminha, em 1516 a Santa Casa da Misericórdia, tendo neste ano o compromisso, idêntico ao da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mais velho que a nossa 18 anos. Este compromisso viria a ser confirmado por D. João III, no ano de 1537.

A Igreja da Misericórdia viria a construir-se na sequência de um pedido dos Caminhenses, com os seguintes privilégios: que a Igreja que edificassem da invocação da virgem Nossa Senhora da Misericórdia e que tal igreja fosse isenta de toda a jurisdição e somente reconhecesse sujeição à Sé apostólica e à Igreja Lateranense e que na tal igreja pudessem ter campanários, sinos, cemitério para enterrar os mortos, ter altares, pia de baptismo, com casas, oficinas e mais coisas necessárias à dita igreja e aos irmãos da dita casa e aos que todos nela fossem sucedendo.

Foi atendida a petição dos Caminhenses a 5 de Dezembro de 1546. De imediato se começou a construir a Igreja, que ficou concluída em 1551. A primeira missa foi dita numa quinta-feira, dia 21 de Maio de mesmo.

Capela da Misericórdia de Álvaro

A capela da Misericórdia de Álvaro foi fundada na última década do século XVI, segundo atesta a inscrição colocada na fachada do templo: "Esta Misericórdia foi fundada por Catarina Garcia viúva de Manuel Gomes Curado por seus filhos o Capitão Bartolomeu Gomes Curado e Ana Curado David no ano de 1597". De planta longitudinal, composta por nave e capela-mor, com sacristia e capela lateral adossadas a norte e a sul, respectivamente, a Misericórdia de Álvaro corresponde ao modelo estruturado para a "igreja-tipo" de Misericórdia, um templo de nave única, sem capela-mor, formando um bloco homogéneo em caixa lisa "onde sopra o espírito do humanismo cristão erudito e severo" decorrente das normas artísticas decretadas pelo Concílio de Trento (MOREIRA, Rafael, 2000, p. 151). O edifício sofreu sucessivas campanhas de restauro no interior no século XVIII, tendo sido nesta época que foi colocado o retábulo da capela-mor.
A fachada principal possui ao centro portal de moldura rectangular simples, rematado por frontão triangular interrompido por nicho com a imagem da Virgem e ladeado pela lápide com inscrição que atesta a fundação do templo. No segundo registo, sobre o portal, foi aberto um janelão com moldura em arco abatido e gradeamento. A fachada é rematada em empena, encimada por cruz. A fachada lateral do lado do Evangelho possui portal e postigo, estando adossada à parede uma alminha pintada com a figuração de Nossa Senhora das Dores. A sacristia possui dois registos, o primeiro com duas portas, o segundo com duas janelas, todas de moldura rectangular. Sobre a sacristia foi colocada dupla sineira, em L, rematada por cruz e dois pináculos. Na fachada lateral do lado da Epístola, onde se situa a capela lateral, foram abertos dois postigos de moldura rectangular e foi colocada sobre a capela uma janela gradeada de moldura em arco abatido semelhante à da fachada principal. Era nesta fachada lateral que se encontrava originalmente a lápide colocada na fachada nos anos 80 do século XX.
Interiormente, o templo é coberto por tecto em falsa abóbada de berço abatido, de madeira pintada, com travejamento. Do lado do Evangelho possui púlpito de madeira com balaustrada. O arco triunfal possui lintel em arco pleno, com impostas salientes. Do lado da Epístola, um arco pleno de impostas salientes, semelhante ao arco triunfal, abre para a capela lateral, dedicada ao Senhor dos Passos, com cobertura em caixotões de madeira e retábulo de madeira policromada. No piso, foi colocada a lápide tumular do Capitão José Rodrigues.
A capela-mor tem ao centro retábulo de talha dourada com esculturas da Virgem e de Santa Isabel. Duas estátuas, em tamanho natural, representando Nicodemos e José de Aritmeia, foram colocadas em nichos nas paredes laterais. São da autoria de Tomé Velho, discípulo de João de Ruão (SERRÃO, Vítor, 2001, p. 150). O tecto é de caixotões de madeira, pintados com as representações de 21 santos do hagiológio.
Catarina Oliveira
GIF/IPPAR/ 27 de Abril de 2005

Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia - Vila do Porto

História
Erguida anteriormente a 1536, é considerada como o primeiro "compromisso" que se estabeleceu no arquipélago. Os seus primeiros estatutos, entretanto, datam de 1609. Integrava as dependências da Santa Casa de Misericórdia.

Desta igreja sai, anualmente, desde 1707, a tradicional procissão do Senhor dos Passos.

O conjunto encontra-se protegido pelo Decreto Legislativo Regional nº 22/92/A, de 21 de Outubro de 1992.

Características
O conjunto, em alvenaria de pedra rebocada e caiada, é constituído por três corpos dispostos ao longo da rua, correspondendo o central à nave, o lateral esquerdo, recuado, à capela-mor, e o lateral direito, também recuado, com dois pavimentos, a um anexo. À esquerda do corpo da capela-mor existe um muro, rasgado por uma porta rematada em arco abatido, que delimita um recinto exterior. Sobre o arco encontra-se uma inscrição "1877 / ST CASA / DA MISA".

A fachada do corpo correspondente à nave da igreja encontra-se dividida em três secções separadas por pilastras. A secção central, de maiores dimensões, é rasgada pelo portal com verga curva encimada por uma cornija terminando com secções laterais rectas encimadas por pináculos embebidos na parede, e uma janela elevada em cada lado. Sobre o portal observa-se uma concha em relevo separada da cornija do portal por duas volutas. A secção esquerda apresenta uma janela descentrada, à mesma altura das janelas da secção central. A secção direita apresenta uma janela, em posição simétrica à da secção esquerda e, no espaço livre à direita desta, assumindo dois pavimentos, tem uma porta simples no inferior e, no superior, correspondendo ao coro, uma janela com um pequeno avental em cujo centro se encontra uma cruz em relevo.

O corpo da capela-mor tem duas janelas, com as mesmas dimensões, implantadas à mesma altura das do corpo da nave.

O corpo do anexo, dividido em dois pavimentos, ao nível do superior apresenta uma janela de sacada com consola muito saliente, em pedra, e guarda de madeira.

As coberturas são de duas águas, em telha de meia-cana tradicional, rematadas por beiral duplo sobre cornija (o corpo recuado, à direita da igreja, tem um telhado com mais águas).

O interior apresenta nave única, de planta rectangular, separada da capela-mor, também de planta rectangular, por um arco triunfal em pedra. De ambos os lados do arco, cortando os ângulos da nave, erguem-se altares com retábulos. Na parede do lado da epístola, encontra-se um púlpito com guarda de balaústres e guarda-voz em madeira.

A igreja abriga um retábulo de Santa Isabel, e uma imagem do Senhor dos Passos, considerada como uma das mais belas dos Açores.


Bibliografia
CARVALHO, Manuel Chaves. Igrejas e Ermidas de Santa Maria, em Verso. Vila do Porto (Açores): Câmara Municipal de Vila do Porto, 2001. 84p. fotos.
FIGUEIREDO, Jaime de. Ilha de Gonçalo Velho: da descoberta até ao Aeroporto (2a. ed.). Vila do Porto (Açores): Câmara Municipal de Vila do Porto, 1990. 160p. mapas, fotos, estatísticas.
FIGUEIREDO, Nélia Maria Coutinho. As Ilhas do Infante: a Ilha de Santa Maria. Terceira (Açores): Secretaria Regional da Educação e Cultura/Direcção Regional da Educação, 1996. 60p. fotos. ISBN 972-836-00-0
MONTEREY, Guido de. Santa Maria e São Miguel (Açores): as duas ilhas do oriente. Porto: Ed. do Autor, 1981. 352p. fotos.

Wikipédia

Igreja da Misericórdia de Arouca

A referência mais antiga ao povoado de Arouca, ou Aravoca, data do século VI. No entanto, a consolidação e desenvolvimento da sua malha urbana durante a Idade Média e Idade Moderna estão intimamente ligados ao mosteiro cisterciense de Santa Maria, situado no centro da povoação e fundado no século X.
O crescimento do cenóbio foi determinante para o desenvolvimento da vila, bem como de toda a região do vale de Arouca, e em 1513 D. Manuel concedeu carta foralenga à povoação, que assim se tornava sede de concelho.
Cerca de cem anos mais tarde, a povoação local constituiu a Misericórdia de Arouca, seguindo o exemplo de muitas vilas do país, que através deste tipo de irmandade constituíam mecanismos de assistência social e religiosa. Fundada em 1610 (União das Misericórdias Portuguesas, 2003), a confraria iniciou pouco tempo depois a construção de uma igreja própria, situada na praça principal da vila.
O templo, de planta rectangular disposta longitudinalmente, apresenta uma estrutura de pequenas dimensões, que contrasta com a riqueza do programa decorativo interior. É de destacar a unicidade do conjunto, uma vez que a estrutura original seiscentista, que inclui o conjunto azulejar. A campanha barroca executada no final do século XVIII, que contemplou o arco do altar do Senhor dos Passos e a cobertura pintada da nave, integrou-se de forma harmoniosa com a estrutura já existente.
A fachada apresenta ao centro portal de arco pleno, inserido num alfiz com colunelos simples e pináculos. No friso foi inscrito "DEVOTI - FECERE - AN - 1612", indicando a data de edificação do templo. O conjunto é encimado por um óculo, sobre o qual esculpiram o escudo de Portugal. Do lado direito da fachada foi edificada a torre sineira, dividida em quatro registos, com portal de entrada no primeiro e janela de sacada precedida de guarda de ferro no segundo.
O espaço interior do templo é composto por uma única nave, cujas paredes são totalmente revestidas por painéis de azulejos de padrão azuis e amarelos, executados na primeira metade do século XVII. Em 1773 o provedor da irmandade, Doutor José dos Santos Teixeira Teles, mandou pintar o tecto do templo. Composto por 45 caixotões de madeira, este conjunto foi totalmente decorado com pinturas representando temática mariana, os Evangelistas, os Apóstolos e Doutores da Igreja, e temática da vida de Cristo. Do lado do Evangelho foi edificada a Capela do Senhor dos Passos, em talha dourada e policromada, e no espaço fronteiro foram colocados o púlpito, também de madeira policromada, e a tribuna dos mesários.
À semelhança do que sucedia em muitas igrejas de misericórdia edificadas no século XVII, o espaço da capela-mor é diferenciado apenas por um desnível do chão. O retábulo-mor, de modelo maneirista, divide-se em dois registos, o primeiro albergando três tábuas pintadas com temas marianos, a Anunciação , a Visitação e a Creche , e dois nichos com estatuária, o segundo com cinco pinturas, a Virgem com São João , Santo António , São Francisco , e duas com temas da Paixão de Cristo , também em tábua, e um crucifixo (GONÇALVES, 1959). A estrutura é decorada com relevos de motivos de grotesco .
Catarina Oliveira
GIF/IPPAR/ 1 de Fevereiro de 2006

Igreja da Misericórdia de Penafiel

Com existência conhecida desde o século XVI, e sediada na capela em frente da matriz, a Misericórdia de Penafiel apenas beneficiou de igreja própria na segunda década do século XVII. A sua edificação deve-se à iniciativa do padre Amaro Moreira, cujas doações e legados pios permitiram fortalecer a Irmandade e construir uma nova igreja (no denominado rossio das Chãs), na qual foi sepultado (na capela-mor). As obras tiveram início na década de 1620, estando concluídas, muito possivelmente, em 1631, data que figura numa inscrição patente na capela-mor, que nos informa ainda da dotação de Amaro Moreira. O partido arquitectónico adoptado é, de alguma forma, ambíguo, e ainda que se possa inscrever numa linguagem maneirista, motiva análises como a seguinte: “a igreja da Misericórdia corresponde a uma tipologia de austeridade, fiel à traça sem estilo, (…) que imperou pelo país desde o início da década de 60 do séc. XVI, com a tendência gradual para o predomínio das ordens dórica e toscana. Trata-se de um edifício assumido na sua forma chã, mesclado de elementos eruditos, no qual a gramática clássica se articula segundo uma estética de liberdade”. O seu frontispício, concebido como um retábulo, inscreve-se nas denominadas fachadas-retábulos. É delimitado por pilastras, nos cunhais, que acentuam a sua verticalidade, sendo que a do lado direito separa o alçado da torre sineira, setecentista, que se eleva bem acima da linha da empena, terminando numa cúpula bolbosa, revestida por azulejos. No interior, a nave única e a capela-mor, alta e bastante profunda, são articuladas pelo arco triunfal, flanqueado por pilastras e encimado por frontão triangular. Na capela-mor, o tecto é em caixotões de cantaria, numa composição de linguagem seiscentista, tal como o arcosólio onde se inscreve o túmulo de Amaro Moreira e seus descendentes. O património integrado que hoje podemos observar neste interior é muito posterior, remontando na sua grande maioria ao final do século XVIII e inícios da centúria seguinte, e substituído os originais de época barroca. A linguagem aqui presente é já neoclássica, conhecendo-se os nomes dos entalhadores responsáveis pela execução dos retábulos.

Recuando alguns anos, importa referir uma das obras mais significativas de que o templo foi alvo, pois denuncia não apenas a importância da actualização estética do imóvel, e a adaptação às alterações urbanísticas do espaço envolvente, mas também o respeito pelo património construído e a aposição de um elemento que, no entanto, alteraria por completo a leitura do imóvel. Com o crescimento de Penafiel, a malha urbana envolveu a igreja, reduzindo significativamente o espaço fronteiro à fachada principal. Assim, foi decidido levantar um novo frontispício, virado para a praça, e que corresponderia ao corpo da nave e capela-mor do lado da Epístola. Esta imponente fachada, que seria flanqueada por torres, foi licenciada pela Câmara em 1764, mas as obras interromperam-se em 1769 por manifesta falta de recursos e algumas irregularidades. Dez anos mais tarde os trabalhos deveriam ter sido retomados, mas uma polémica entre a Irmandade e a Câmara devido às licenças necessárias, impediu que tal acontecesse, e o caso apenas foi resolvido em 1780, pelo Desembargo do Paço, a favor da Misericórdia. Todavia, a obra nunca foi concluída, e o que hoje observamos é apenas uma parte da monumental fachada projectada. De linhas e elementos decorativos rocaille, o alçado desenvolve-se em planta contracurvada, que destacam a composição central formada pela porta, nicho e óculo, flanqueada pelos cunhais onde se abrem os nichos. Ao lado, ergue-se a capela da Senhora da Lapa, de linhas menos eruditas, e edificada em substituição da parte da fachada que ficou por levantar. Da mesma época deverá ser, ainda, a capela do Senhor dos Passos, na cabeceira da igreja.

Texto: IPPAR - (RC)

domingo, 26 de outubro de 2008

IGREJAS DAS MISERICÓRDIAS

A Criação deste blog tem como objectivo inventariar todas as Igrejas das Misericórdias que existem em Portugal.
Tentaremos editar as fotografias conhecidas e relativas às Igrejas que conseguirmos identificar como Igrejas ou Capela da Misericórdia.
Também e sempre que possível iremas descrever a Igreja.
Temos pela frente um trabalho ambicioso.
Mas objectivos ambiciosos, quando conseguidos são os que mais satisfação dão àqueles que os conseguem.
Vamos ver se conseguimos atingir o objectivo a que nos propomos.