sábado, 1 de novembro de 2008

Cabeção

A igreja foi sagrada em 1600, com licença do arcebispo de Évora D. Teotónio de Bragança; é um templo modesto na sua arquitectura, sofreu remodelações, uma das quais em 1752, data que se encontra inscrita sobre a porta. No interior são dignos de nota os doze quadros que revestem as paredes, com temas pictóricos recolhidos da Bíblia.

Descrição: “ (...) Está situada na velha Praça Forense, com fachada para o lado meridional, de frontão triangular ladeado, nos acrotérios, por pináculos de andares rematados de fogaréus estilizados. É abraçada por pilastras de alvenaria e a portada , granítica tem o cronograma latino: MDCCLII, que corresponde a uma reforma anterior ao terramoto. No eixo, sotoposto, nicho de molduras arredondadas, vazio de escultura.

O interior compõe-se de nave de planta rectangular, coberta por abóbada de berço dividida em caixotões barrocos, geométricos, relevados, com florões naturalistas, de tinta de água, que ocultam uma primitiva pintura mural.

A capela- mor, de secção quadrangular,(...)manteve a composição do tecto, de meio canhão, com cinco painéis pintados sendo o central, ovolado, da Apoteose da Virgem da Conceição (...) Os restantes quadros representam Obras de Misericórdia Temporais (...) Este conjunto da nave e do presbitério, deve pertencer a uma só empreitada, embora constituída por mais de um oficial de pintura, anónimos e , provavelmente, mestres estabelecidos em Évora (...) Enquadra-se perfeitamente no ciclo barroco de cerca de 1600.

O retábulo do altar- mor, lavrado em talha dourada e colorida, do tipo clássico, com colunas da ordem jónica, estrias e friso superior de triglifos estilizados (...) conserva (...) o políptico de pintura a óleo (...) do ciclo maneirista .



A sacristia tem lavabo de mármore com empena de enrolamento, o tecto abatido, plano, decorado com as armas reais de Portugal, coloridas, também setecentistas, envolvidas por opulento paquife rococó, de molduramento e ornatos angulares guarnecidos de cartelas e dos habituais elementos artísticos . (...) “



Espanca, Túlio, Inventário Artístico de Portugal- Distrito de Évora, Lisboa, Academia Nacional de Belas- Artes, 1975.

Contexto: A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Cabeção, que teve anexo o Hospital de Santa Cruz, foi instituída entre 1597-9 e o templo, erguido a poder de esmolas do povo e subsídios do primeiro Provedor e Mordomos, teve a sua sagração em dia indeterminado do ano de 1600, com licença do arcebispo de Évora D.Teotónio de Bragança .



A Igreja, modesta e concebida na projecção habitual da arquitectura religiosa rural alentejana, mantém a estrutura primitiva, embora acuse os reparos e aditamentos propostos depois do terramoto de 1755, que lhe provocou alguns estragos, mas pouco profundos.

Albufeira

Em 1499, a antiga mesquita da cidade foi reconvertida em Capela da Misericórdia, iniciando-se uma campanha de obras que deu a esta pequena igreja um estilo tardo-gótico ainda hoje bem visível. Foi desta campanha do final do século XV que nasceu o actual portal principal.
Trata-se de uma igreja de nave única, com cabeceira simples, cuja capela-mor coberta por uma abóbada de cruzaria de ogivas simples é antecedida de um arco triunfal manuelino.
Após o terramoto de 1755, a igreja sofreu uma reconstrução que é bem visível no frontão da fachada principal.
Relativamente ao interior, nesta igreja merecem atenção o retábulo setecentista colocado na capela-mor e o conjunto de imagens dos séculos XVII e XVIII.
- Classificada Imóvel de Valor Concelhio
- Não está aberta ao público.

Torrão

A Igreja da Santa Casa da Misericórdia do torrão ou seja Igreja Nossa Senhora da Albergaria, foi mandada construir por D. Margarida de Areda em 1945 e foi restaurada em 1994.

D. Margarida de Areda era contra a ideia de esta Igreja fazer parte das Misericórdias e devido a isso as obras de construção da Igreja na altura pararam e

só foram concluídas em 1636, quando finalmente a Igreja foi englobada nas Misericórdias por ordem do Cardeal D. Henrique.

Esta Igreja possui no seu interior 4 retábulos de arte Sacra, pintados á mão, do Séc. XVI., alusivos á Anunciação, Visitação, Nascimento e Calvário. Pode ainda admirar-se o lindo altar de talha em ouro. No seu interior possui ainda imagens em madeira maciça referentes á Nossa Senhora da Albergaria, Nossa Senhora de Fátima, S. Vicente Bispo S.

Almada

De linhas muito simples, com características entre o maneirismo e o barroco, é constituída por uma nave central única e capela-mor elevada em relação ao corpo da igreja. Está adossada entre o C.A.I.I. – Centro de Apoio Integrado a Idosos de S. Lázaro, e o edifício dos Paços do Concelho.

Mandada construir em 1564, pelo provedor Nuno Furtado de Mendonça, que deu a empreitada da obra ao mestre Pedro Gomes, foi concluída em 1566. Em 1594 terá sido alvo de uma nova campanha de obras, que foram executadas por Gaspar Gonçalves, irmão da Misericórdia, sendo provedor nesse ano Manuel de Sousa Coutinho.

Em 1755 foi quase totalmente destruída com o terramoto de 1 de Novembro, ficando intacta somente uma das paredes. A sua reconstrução iniciou-se em Dezembro daquele ano, tendo sido concluía em 1758. O seu interior é decorado com um silhar de azulejos do séc. XVII, de padrão tapete em três tons, diversas peças de arte sacra e um retábulo maneirista de grande valor histórico e artístico para o Concelho de Almada.


Local: Rua D. José de Mascarenhas, n.º 40

Torres Vedras

Foi construída entre 1681 e 1752, sendo a sua porta principal encimada por aletas, que envolvem as armas reais. Recentemente sofreu obras de restauro.

Igreja de uma só nave, apresenta à entrada o coro alto sustentado por colunas de fustes estriados, assentes em altos socos.

As paredes são decoradas com telas e silhares de azulejos do século XVII e no tecto de abobada de berço, pinturas muito escurecidas com as armas de D. João V e o Brasão com a Comenda da Ordem de Cristo.

A capela-mor, decorada com mármores pretos, tem três altares com talha do século XVIII e frontais de couro pintado e lavrado do mesmo século.

No cruzeiro dois grandes painéis de azulejos do século XVII que representam a "Deposição da Cruz" e Nossa Senhora da Misericórdia e uma teia de pau-preto, de colunelos torneados e sustentada por colunas de mármore.

Dispõe de azulejos do século XVII, com motivos profanos.
Na sacristia, realce para a tela Visitação, (Josefa de Óbidos); um arcaz setecentista com pregarias em bronze da época, uma mesa de mármore com pé de balaustre sobre a qual se vê um baldaquino de talha dourada, de estilo "rocaille". O seu tecto, em abobada, é centrado e cantonado com peças em talha de madeira dourada.

Igreja da Misericórdia de Mora

Tanto a Igreja como a própria Instituição da Santa Casa da Misericórdia, datam de 1575, mas só em 1581 é dita a primeira missa na capela. A Igreja sofreu grandes alterações na sua estrutura ao longos destes anos.

Em 1936, foi erguida uma torre que veio substituir o campanário, torre essa que mais tarde, em 1942 foi também demolida e construída uma outra, mas em tijolo e mais alta que a anterior.

Enquadramento
Urbano, no antigo terreiro da vila, adossado a N. a casario baixo; fachada O. adossada a edifício de dois pisos onde funciona a estação dos correios; fachada E. abrindo para a rua calcetada aberta ao tráfego automóvel e com zona de parqueamento adjacente a este alçado; fachada principal abrindo para o largo através de escadaria pétrea de 3 lances, a toda a largura do alçado, envolta por passeio calcetado.

Descrição
Planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita, sacristia a NO., corredor de ligação O. e torre sineira, de planta quadrada, a SO.; volumes articulados, massas dispostas na vertical. Cobertura diferenciada em telhado de 4 águas na nave, de uma água no corredor e em coruchéu piramidal na torre. Fachada principal a S. de pano único delimitado por cunhais apilastrados; embasamento pintado unificando os corpos da nave e da torre sineira à esquerda; à direita, descentrado relativamente à nave, rasga-se o portal principal de verga recta, alteada, sobrepujada, de frontão triangular moldurado, tudo em granito; superiormente rasgam-se três óculos ovais, deitados; remate do corpo da nave em cornija e platibanda com perfurações cruciformes; no corpo da sineira rasga-se, inferiormente, porta simples com molduras graníticas e, superiormente, sineira de volta perfeita; superiormente os alçados da torre são limitados por cunhais apilastrados, coroados por pináculos piramidais; remates em cornija moldurada, envolvente; coruchéu de arestas pintadas e cruz de ferro no vértice; no alçado E. da torre rasga-se abertura rectangular. Fachada E. de pano único, rasgado por janela rectangular, em capialço, descentrada; embasamento pintado e remate em cornija e platibanda idêntico ao da fachada principal. Fachadas N. e O. adossadas . Alçados de alvenaria rebocada e caiada; cunhais, molduras de óculos, da sineira e da janela escaioladas e pintados a cor amarela; embasamento, moldura da cornija da torre e arestas do coruchéu, pintados na mesma cor.

INTERIOR:
Nave única com cobertura em abóboda de nervuras de volta perfeita, de 4 tramos, pintada a cinza e a branco, com os panos decorados por caixotões moldurados e encruzados em aresta viva e chaves decoradas por rosetas e flores em estuque escaiolado; as nervuras arrancam da sanca envolvente criando lunetas nos alçados, em arco de volta perfeita, 4 por banda e duas nos topos; estas lunetas, são decoradas por pinturas murais figurando fundos em mármores fingidos contidos por molduras, também fingindo mármores, mas em tom mais escuro; ao centro cartelas também pintadas, envoltas por elementos vegetalistas, grinaldas e concheados, com inscrições em latim ; as lunetas do alçado S. são rasgadas ao centro, interrompendo as pinturas murais , por óculos pintados a cor cinza e branca, acentuando as linhas de fuga. Do lado do Evangelho: pia de água benta em mármore, concheada; porta simples de comunicação com o corredor; púlpito com caixa de madeira, de balaústres torneados, sobre base de mármore quadrangular ornada de lóbulos e óvulos e com acesso por porta recta de molduras pétreas; nicho de volta perfeita, com cerca de 1m X 1,5m, no qual se encontra andor de Nosso Senhor dos Passos, à escala natural; o tardoz do nicho foi aberto, em arco de volta perfeita, mais baixo, de molde a comunicar com o corredor de acesso à Sacristia. Do lado da Epístola: sensivelmente ao centro, rasga-se superiormente janelão rectangular em capialço; nicho em arco de volta perfeita, fronteiro e com as mesmas dimensões do lado oposto, albergando imagem de Nossa Senhora do Carmo, sobre peanha de mármore, moderna. Rodapé envolvente, em azulejos azuis e brancos, de padrão, modernos. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras munidas de bases e mísulas molduradas, com acesso por um degrau; arco e pilastras com pinturas murais fingindo blocos de cantaria de mármore rosa e bases pintadas fingindo mármore negro; na chave escudo com as armas reais, em massa colorida. Pavimento da nave em lages de cantaria; junto aos degraus de acesso do arco triunfal, ao centro lage sepulcral em mármore com inscrição. Capela-mor rectangular com a zona do altar ligeiramente elevada; cobertura em abóboda de berço, sobre sanca moldurada, com intradorso totalmente decorado por pinturas murais figurando medalhão central com a Mater Omnium, envolto por elementos vegetalistas, grinaldas e medalhões, do mesmo teor das pinturas da nave; do lado do Evangelho, junto ao arco triunfal rasga-se porta simples de acesso à Sacristia; retábulo-mor constituído por simples nicho, em arco de volta perfeita, com camarim, contendo o sacrário e a imagem de Cristo na Cruz; sobre o arco pintura mural, figurando cartela fingindo mármores, idêntica às das lunetas dos alçados da nave, mas em forma de rectângulo de lados curvos, acompanhando a curvatura do nicho e da abóboda; a ladear o nicho as imagens de São João Evangelista e de Nossa Senhora, sobre peanhas de mármore, modernas *1; mesa de altar, simples, moderna; pavimento em lages de cantaria:

SACRISTIA: planta quadrangular, com cobertura de madeira, de uma água e pavimento de tijoleira; no alçado N., superiormente, rasga-se janela simples; a E., à esquerda, porta de comunicação com o camarim e à direita porta de comunicação com a capela-mor; ao centro armário de madeira embutido; a S. porta de acesso à torre sineira; a O. arcaz e a N. lavabo de mármore dividido em 2 corpos distintos: fonte de duas penas, com gárgulas antropomórficas e superiormente, frontão com volutas e o emblema coroado do Hospício da Caridade *2.

CORREDOR: Alçados com rodapé de azulejo idêntico ao da nave, pavimento de tijoleira; no alçado O., junto à porta de entrada, nicho em arco de volta perfeita.

TORRE SINEIRA: Acesso pelo interior, através da Sacristia, por escada que conduz ao primeiro piso da torre, com cobertura em ripado de madeira, de uma água; acesso à sineira por porta envidraçada; sino em bronze fundido, trecentista, com inscrição alusiva a Santa Águeda e as siglas do fabricante.

Descrição Complementar

SEPULTURAS:

Laje sepulcral seiscentista, em mármore regional, com inscrição muito delida, assinalando o túmulo do provedor Diogo Manhos e seus descendentes.

INSCRIÇÕES:

Envolvendo a parte superior e inferior do sino (com 50 cm de diâmetro, decorado com as siglas do fabricante, dois selos relevados da Ordem de São Bernardo de Alcobaça, com bordadura em caracteres góticos, brasão dos Perdigões e sobre ele a imagem de São Bento) corre inscrição em português e latim:
ERADE:MIL:ECCC:XXIX:ANOS:ME:MÃDO:FAZER:D:+/(DA.MAIOR:ABADESSA:MECTEM:SÃNCTA)”. Inscrições lunetas pintadas: sobre o arco triunfal, do lado esquerdo ” ” INCONSPECTU/ANGELORUM PSALLAM/ TIBI: ADORABO ADEM/SANCTUM”; do lado direito” SUPER MISERICOR/DIA & VETITATE TUA/QUONIAM MAGNIFICASTI/SUPER OMNE NOMEN/SACTUM”; do lado da Epístola, último tramo “INQUACUMQUEDIE/INVOCAVERI TE, EXAUDIME/MULTIPLICABIS INANIMA/MEA VIRTUTEM”; do lado do evangelho, o último tramo “CONFIEBORTIBI/DNE IN TOTOCORDE=/MEO: QUONIAM AUDISTI/VERBA ORISMEI.”.

Utilização Inicial
Cultual: igreja da misericórdia.

Utilização Actual
Cultual: culto esporádico; procissão do Enterro do Senhor na 6ª Feira Santa *3/
Funerária: capela funerária dos Irmãos da Misericórdia.

Época de Construção
Século XVI/ XVIII/ XX.

Arquitecto/ Construtor/ Autor
Jordão Fernandes, mestre pedreiro; José de Escobar, pintor (retábulo-mor); Luís Ferreira de Figueiredo Júnior e João Afonso da Costa Tição, mestres empreiteiros (remodelação século 20); Engenheiro Travassos Valdez (torre sineira).

Cronologia
1391 – data no sino do campanário proveniente do Convento de São Bento de Cástris (v. 0705170036); 1575, 02 de Julho – instituição da Santa Casa da Misericórdia de Mora e início (ou continuação *4) da construção da igreja sob a direcção do Mestre Pedreiro Jordão Fernandes, oriundo de Pavia, segundo contrato firmado com os irmãos da Misericórdia Pero Dias e Manuel Coelho; enquanto o templo não ficou concluído as primeiras reuniões da Confraria faziam-se na Igreja de Nossa Senhora da Graça (v. 0707030010); 1578, 27 de Julho – o mestre pedreiro Fernando Roiz de Mora substitui Jordão Fernandes nas obras de construção da igreja; 1581 – inauguração da igreja e celebração da primeira missa sendo então provedor Martim Lopes ou Bartolomeu Serrão; 1588 – 1590 – encomenda pelo provedor da Mesa da Misericórdia, António Soeiro, ao pintor José de Escobar, para realização de painéis do retábulo-mor, pela importância de 20.000 réis; 1607, 1614, 1618, 1627 e 1631 – é provedor Diogo Manhos; 1632 – pintura da bandeira da misericórdia por Sebastião Garcia, morador em Avis, “pintor de óleo e de imaginária”, pela quantia de 15.000 réis; século 18, 1ª metade – lavabo da Sacristia; 1712 – o Padre Carvalho da Costa refere existência da Misericórdia e hospital, século 18, finais – provável data de execução da decoração pictórica, cobertura da capela-mor e lunetas da nave; 1936 – profundamente restaurada a mando do provedor José Garcia Nunes Mexia e a expensas de D. Joaquina Nunes Mexia, sendo empreiteiros os mestres Luís Ferreira de Figueiredo Júnior e João Afonso da Costa Tição; construção de uma torre substituindo o primitivo campanário; construção do púlpito reaproveitando uma base de meados do Século 17; renovação do escudo sobre o arco triunfal; 1942 – demolição da torre e posterior construção da actual, em tijolo e mais alta, segundo projecto do Engenheiro Travassos Valdez.

Tipologia
Arquitectura religiosa, quinhentista. Igreja de Misericórdia quinhentista, de nave única com cobertura primitiva, de finais do século 16, em abóboda nervurada desenhando caixotões de losangos, com decorações de estuque. Capela-mor rectangular, mais estreita, com cobertura em abóboda totalmente revestida por pinturas murais figurando a Mater Omnium enquadrada por grinaldas de flores e laçarias, motivos vegetalistas que se repetem nas lunetas da nave emoldurando tabelas com inscrições relativas à da Misericórdia, obra de finais do século 18.

Características Particulares
Igreja da Misericórdia pentacentenária, profundamente remodelada ao longo dos séculos, com abóboda de caixotões quinhentista e pinturas murais na nave e capela-mor de finais de setecentos. O sino do campanário, um dos mais antigos em bronze fundido existente no Sul do país, com inscrição alusiva à lenda de santa Águeda, conhecendo-se apenas outros 3 sinos com epigrafia relativa: o da Extinta Igreja Paroquial de São Pedro de Évora, dos inícios do Século 16 (v. 0705210099) e um outro, desaparecido com o terramoto de 1755, que se encontrava numa das torres da Sé de Lisboa, datado de 1375 (v. 1106520004) (ESPANCA, 1975).#

Dados Técnicos
Estrutura mista.

Materiais
Paredes de alvenaria rebocada e caiada; molduras de cantaria granítica ou de alvenaria escaioloada e pintada; pavimentos de tijoleira e lagedo de cantaria, com coberturas em telha; azulejos, estuques.

Observações
*1 – espanca refere a existência de um retábulo-mor de alvenaria, com colunata pintada de escuro, lisa e capitéis coríntios, dourados; possuía um tríptico, a óleo sobre madeira, maneirista de caracter populista, desmembrado e em parte desaparecido, figurando nos volantes São João Evangelista e Santa Maria Madalena, e no ático, arredondado, Nossa Senhora da Piedade; o painel central, medindo 2,20 m X 2,30 m, figurava a Visitação e encontrava-se então colocado na parede da nave do lado da Epístola, estando destinado à futura Biblioteca-Museu de Mora; *2 – o Hospício da Caridade funcionava adrede ao Hospital da Misericórdia; Espanca refere que se guardavam na Sacristia algumas bandeiras da misericórdia, sobre tela, setecentistas de caracter popular, muito deterioradas, tendo a melhor, recolhida no Hospital da Misericórdia, sido pintada por Sebastião Garcia (ESPANCA, 1975); *3 – a procissão é a mais antiga do Concelho, remontando ao século 16, e atraindo a si grande parte da população; abre a Bandeira da Misericórdia, colocada na horizontal; as janelas das casas iluminam-se de velas ou lamparinas de azeite; *4 – pelo Termo de Abertura do primeiro Livro de Acórdãos da igreja é provável que a fundação do templo seja anterior e que, aquando da instituição da misericórdia, o edifício já se encontrasse em construção, para a qual D. Sebastião teria dado a necessária licença por meio de alvará, entretanto perdido, mas mencionado no rol de bens dos mesários CORREIA, 1964).

Vila Nova da Baronia

Igreja da Misericórdia/Igreja do Senhor dos Passos

A Igreja da Misericórdia/Igreja do Senhor dos Passos está situada em Vila Nova da Baronia, no encontro da Rua da Liberdade com a Rua Gil Vicente e tem o Nº IPA PT040203020018.

É de planta longitudinal, escalonada, composta por nave e capela-mor, mais estreita, a que se adossa, do lado da Epístola, a sacristia. Cobertura em telhado de duas águas, diferenciada para a capela-mor, mais baixa, e sacristia. Fachada principal orientada a Este, de um só pano, com portal de cantaria de verga recta com lintel direito, guarnição curvada e cruz em argamassa, sobrepujado por óculo e empena triangular com cinta, enquadrada por pináculos piramidais nos acrotérios laterais e acrotério central encimado por cruz. Alçado Sul de quatro panos delimitados por contrafortes de secção rectangular, encimados por pináculos piramidais; no terceiro tramo adossa-se o volume da capela lateral; embasamento rampeado de ligação dos contrafortes; volume da capela-mor de um pano cego, ligeiramente recuado. Alçado Oeste de um pano, cego, com empena triangular, adossando-se no ângulo Sudoeste. um pequeno campanário de planta rectangular de um olhal com coroamento piramidal. Alçado Sul com construções adossadas. Interior: de uma só nave, coberta por abóbada de berço arrancando de cornija, com quatro tramos definidos por arcos-diafragma que arrancam de modilhões ao nível da cornija. O conjunto é decorado por pintura mural, com vasta composição de lóbulos, folhagens e doze medalhões hagiográficos, com representação de Santo António, um Santo Papa, São Domingos, São Bento, São Luís e um santo Ermita; tabela ovóide no arco mestre com a data 1631; nos alçados distribuem-se superiormente pinturas alusivas a algumas Obras de Misericórdia corporais: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede (numa composição conjunta), dar pousada a peregrinos e pobres, resgatar os cativos, enterrar os mortos e curar os enfermos. Guarda-vento, com pia de água benta, à entrada, do lado da Epístola, e uma capela lateral no terceiro tramo, de cada lado, com arco de volta perfeita assente em pilastras e camarim envidraçado. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras e três degraus; capela-mor com cobertura em abóbada de berço, arrancando de cornija, também decorada por composição pictórica, com destaque para as alegorias à Paixão de Cristo, enquanto nos prospectos laterais subsistem as figurações da "Última Ceia" (do lado do Evangelho) e da "Congregação dos Apóstolos" (do lado da Epístola); altar com Senhor Morto jacente, retábulo e sacrário de talha dourada e policromada, com painel de pintura a óleo sobre madeira, representando a "Visitação"; na parede do lado do Evangelho, porta de acesso à sacristia e janela.

Arquitectura religiosa, maneirista, barroca. Igreja de Misericórdia de planta longitudinal, cobertura em abóbada de berço, contrafortes de secção rectangular encimados por pináculos piramidais e extensas composições pictóricas, características da arquitectura das igrejas das Misericórdias do Baixo Alentejo no período do maneirismo pleno. O retábulo (muito truncado), o sacrário e as capelas laterais correspondem à orientação estilística do barroco joanino. Paredes de alvenaria de pedra e cal, rebocadas e caiadas; mísulas e elementos secundários de cantaria; pinturas murais; retábulo de talha dourada.



O edifício destaca-se pela profusão e elevada qualidade das pinturas murais que decoram as paredes e as abóbadas, e que são atribuídas a José Escobar; possui igualmente um retábulo digno de referência. Na frontaria da antiga Casa do Despacho encontra-se a seguinte inscrição, forjada no Século XVI por André de Resende: "...[A]NN (orum) LV FLA / [MINICAE] / PERPETVAE CIVITATIS MIRI / ETANORVM PVDICISS[I]M[A]E AC RE / [L] / IGIOSISSIMAE TEMPORIS SVI FEMINAE / [MAT] / RI ET AVIAE / PIISSIMAE FI(lii) / [ET] NEPOTES H(ic) S(ita) E(st) T(ibi) T(erra) L(evis)"; no seu interior destaca-se balcão de sacada de grade férrea com motivos geometrizantes.

A construção é da segunda metade do Século XVI. Em 1632 foram realizadas pinturas murais e o painel do retábulo-mor, em 1722 foram construídos os retábulos laterais e o sacrário e em 1980 foi adaptada a capela funerária, situação que se mantém na actualidade.

Fonte: www.monumentos.pt