sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Igreja da Misericórdia do Sardoal

A Igreja da Misericórdia foi construída no princípio do século XVI (numa das pilastras do pórtico tem inscrita a data de 1511), mas cujas origens remontam à década de 1370, quando o Rei D. Fernando e a Rainha D. Leonor de Teles, então a viverem nesta zona, fugindo da peste que então grassava em Lisboa e esperando, ao mesmo tempo, que serenassem os ânimos populares bastante agitados com o casamento do seu Rei, ali mandaram erguer uma capela, perto da primitiva Matriz, a Igreja de S. Mateus, que ficava quase em frente. É curioso notar que a Igreja da Misericórdia é um dos raros templos do Sardoal que contraria a orientação clássica que manda colocar a nascente a capela-mor, que aqui se encontra em sentido contrário. Com o dinheiro da Confraria da Misericórdia se alargou o templo no ano de 1552.

Segundo Serrão da Mota (ibidem), são as seguintes as origens da Igreja da Misericórdia:

“ (...) Continuou, enfim, tanto a devoção dos moradores desta Vila, em grandiosas dádivas, com que muitas pessoas, por sua morte, enriquecendo a dita Confraria, que as posses vieram a superar as despesas e sem faltar com o que a caridade pedia com os pobres, se compraram mais umas casas que foram de Álvaro do Casal, que foi Provedor do Hospital dos Mancos da cidade de Lisboa, segundo consta de um truncado pergaminho do Arquivo da Câmara e onde depois morreu aqui pobremente, ali no lugar das ditas casas, acrescentando-se com elas e uma tal capelinha fabricaram a Igreja e Sacristia, como hoje existe, sendo Provedor da Confraria: Simão Dias, Escrivão: Diogo Lourenço Panasco e Procurador: Simão Vaz, criado de D. António de Almeida e Mordomo: Fradique Lopes, os quais no ano de 1552 fizeram arrematar a dita obra, com o portal que tem de pedra de Coimbra e arco da capela a dois oficiais da mesma cidade, por 120 mil réis e certas condições. No mesmo ano entrou Gil Vaz, também cavaleiro, por Provedor e Rodrigo de Parada, por Escrivão, mandaram fazer o pátio e degraus na forma que hoje se acham e custaram 17 mil réis, sendo os oficiais desta Vila e a pedra de Cabeça das Mós, termo dela. A milagrosa imagem do Santo Crucifixo que com devoção foi ele em todos os tempos venerado e por quem este povo foi socorrido nas preces com que lhe suplicava remédio dos bens temporais, quando se viam perecer por falta de chuvas, foi havida pela devota piedade de Margarida Pinta, senhora nobre desta Vila, para cujo único fim deixou à Confraria 80 mil réis, entre muitas coisas mais.”


Gustavo de Matos Sequeira, no seu Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, Volume III, Lisboa 1949, refere, o seguinte, sobre esta Igreja:

“Edifício do século XVI, com algumas modificações posteriores. Portal de pedra de estilo renascentista, de uma linda cor dourada, guarnecido de medalhões entre a curva do arco e a equitrave, com lavores no friso e nas faces das pilastras. Composição arquitectural mais segura e melhor modelada que a do portal da Misericórdia de Abrantes. Junto da base e ombreira do lado direito há infiltrações de salitre.

Sobre o portal, amparada por anjos, avulta um edículo de coroação com o painel da Misericórdia. Superiormente há dois óculos de iluminação.

A porta lateral de arco de volta redonda, tem o último moldado acirelado de seis lóbulos ornamentais. Há, ainda, uma fresta esbelta lateral, muito interessante, no estilo renascentista do porta-ólios do Baptistério da Igreja da Atalaia.

No exterior do templo, vê-se, ainda, um painel de azulejos modernos da autoria do pintor Gabriel Constant, representando a Rainha D. Leonor e um letreiro que diz ter sido o edifício restaurado em 1931.

Interiormente é um templo de uma nave coberta de tecto de madeira, sendo o arco triunfal, lavrado em estilo renascença e apoiado em capitéis com figuras. Na empena há um revestimento de azulejos do século XVIII, azuis e brancos e ao alto uma cruz e um calvário pintados a cor de vinho. No corpo do templo um silhar de azulejos da mesma época e cores, sendo a capela-mor também forrada da mesma decoração cerâmica, de padrão e figuras com janelas e portas fingidas de cor de vinho e nos vãos vasos floridos. No lado da Epístola há um painel central com a cena do Lava-Pés, fronteiro a um altar que ocupa o lado do Evangelho. No altar-mor está um Cristo, escultura de madeira do século XVII.


No trabalho “SARDOAL: UMA VISÃO DE FUTURO - Perspectivas de reordenação do seu património artístico”, apresentado pelas Dras. Teresa Cunha Matos e Maria Teresa Desterro, ambas Mestres em História da Arte, nas Jornadas de Património Rural, realizadas em Constância, em Outubro de 1998, sobre a Igreja da Misericórdia, refere-se, a dado passo, o seguinte:

“ A atestar a feitura quinhentista ficaram-nos as mais belas representações decorativas, nos dois portais e em uma janela, de magnífico lavor Renascença.

O portal lateral de recorte manuelino, encontra-se, infelizmente, bastante danificado. É, no entanto, o portal principal a obra-prima desta igrejinha, cujo avançado estado de deterioração, se não for urgentemente intervencionado, poderá fazer desaparecer mais uma das jóias da nossa Renascença.

Trata-se de um típico portal renascentista, já o dissemos, esculpido em pedra de Ançã. O enquadramento arquitectónico é constituído pelo friso e pilastras* de fino lavor decorativo, que delimitam o arco de volta perfeita ladeado pelos tradicionais medalhões com bustos salientes.

A arquitrave é sobrepujada por um edículo escultórico onde se representa Nª Srª da Misericórdia e respectivos acompanhantes, o clero de um lado, a nobreza do outro, acolhendo-se sob o seu manto protector.

O cuidado posto na execução figurativa, a delicadeza aristocrática do tratamento da Senhora, a excelência, enfim, do conjunto escultórico, já levaram algumas vezes a admitir a hipótese de tratar-se de obra de Nicolau de Chanterenne. Mais provável nos parece tratar-se de obra da sua oficina.”

Igreja da Misericórdia de Évora

Igreja da Misericórdia
Colocado em: História»Património Por Editor Uplasma a 8 de Novembro de 2010
Fotografia: Rafael Flores

Tipologia: Igreja
Freguesia: Sé e São Pedro
Ano de Classificação: 1983
Classificação: Imóvel de Interesse Público

A Igreja da Misericórdia de Évora é uma edificação de meados do século XVI, de nobre perfil clássico, cuja origem remonta a 1554, com traça que se atribui ao arquitecto Manuel Pires, mestre das obras do Cardeal D. Henrique e Arcebispo de Évora. A sua feição maneirista, de um classicismo sóbrio, mantém-se no essencial incólume, salvo a frontaria, reconstruída em 1775 por mãos do pedreiro de Vila Viçosa Gregório das Neves.

A fachada sul testemunha a campanha maneirista, patente no friso decorado de tríglifos e modilhões e enquadrado por fortes contrafortes. O portal, de sugestão rococó, foi sinuosamente talhado em mármore com frontão interrompido e brasão de armas. Ainda na fachada principal destaque para a janela do coro, de secção rectangular, harmoniosamente rasgada sobre o centro do frontão. O arco abatido do pórtico é ladeado por duas pilastras, com enrolamento vegetalista, finamente lavrado e que se estende até ao frontão. O cuidado no enriquecimento decorativo da igreja pode ser observado no portal, de fino lavor, profusamente talhado em secções almofadadas, pregueadas de bronze.

Fotografia: Rafael Flores

É no interior do espaço sagrado que a linguagem decorativa barroca se concretiza em pleno, através do exuberante diálogo de luz e cor entre a talha dourada, a pintura de cavalete e a rica decoração azulejar. A igreja, com nave única, de forma rectangular e abobadamento de berço com caixotões, possui cinco tramos, subtilmente marcados pelos arcos torais que se desenham transversalmente à abóbada. Ao nível do primeiro registo, a nave encontra-se coberta de uma belíssima decoração azulejar de 1715, da.autoria da oficina lisboeta de António de Oliveira Bernardes. Esta série de azulejos historiados em esmalte branco com decoração a azul, é composto por sete paineis representando as Obras de Misericórdia e afirma-se como um dos mais importantes conjuntos azulejares produzidos pela oficina daquele mestre, tendo a sua colocação sido da responsabilidade do empreiteiro Manuel Borges, encontrando-se já terminado em 1716. Ao nível do segundo registo, a nave é percorrida por um grupo de sete telas barrocas da autoria do pintor eborense Francisco Xavier de Castro, artista de secundário merecimento. O altar-mor tem um retábulo do Estilo Nacional, de oficina eborense do início do século XVIII, de notável de lavor, que se prolonga aos colaterais. Ao centro, sobre uma duas colunas pseudo-salomónicas assentes em mísulas são sustentadas por atlantes.

Igreja da Misericórdia de Algodres

A Igreja da Misericórdia de Algodres é um templo barroco edificado em princípios do século XVIII, com as pedras provenientes do arruinado castelo daquela antiga vila, actualmente uma freguesia do concelho de Fornos de Algodres.
A Santa Casa da Misericórdia de Algodres foi fundada em 1621, por várias individualidades entre as quais o vigário de Algodres e o abade de Infias, sendo instituida canonicamente em 1622. No entanto, o cadastro da população do Reino de 1758, refere que terá sido fundada em 1615.
O templo é composto de uma só nave, tendo do lado norte as dependências da Santa Casa. No lado sul, na fachada sobressai o portal de verga recta encimado por volutas e uma concha ou vieira em cantaria e rematada por cornija encimada por uma cruz trilobada ladeada por coruchéus; ostenta ainda um campanário de duas ventanas em arco de volta completa rematado por pináculo.
No interior, para além dos altares em talha dourada, sobressaem imagens de Cristo em escala humana: Senhor da Cana; Senhor dos Passos e Senhor da Cama; existe também um tríptico do século XVII e quadros da via sacra, colocados em nichos de pedra nas ruas da “vila”, durante as celebrações da semana santa.

Igreja da Misericórdia deÁlvaro

A aldeia de Álvaro estende-se lânguida e serpenteante ao longo do viso de uma encosta sobranceira ao Rio Zêzere, acomodada na albufeira do Cabril. Avistada do alto da magistral paisagem que a circunda, parece uma alva muralha que guarda a passagem do rio. É uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto, ou seja, a sua base de construção é o xisto mas a sua evolução histórica incorporou o reboco. O que, no caso desta Aldeia, indicia que teve um passado de grande importância na região e também de alguma riqueza económica.

O seu rico património religioso atesta que esta foi uma povoação importante para as ordens religiosas. Uma ou outra casa tem a cruz da Ordem de Malta que testemunha a sua posse. A Igreja da Misericórdia exige uma visita, mas para conhecer bem esta Aldeia há que fazer o circuito das Capelas. Nelas encontrará manifestações importantíssimas de arte sacra, desde pinturas a artefactos singulares, como por exemplo uma imagem do Senhor dos Passos, um Sacrário Renascentista ou ainda um Cristo morto com as Santas Mulheres e S. João Evangelista. Em termos de lazer pode banhar-se na piscina flutuante da albufeira do Cabril, ou simplesmente deixar-se ficar no miradouro junto à Igreja Matriz inspirando a paisagem ondulante de montes e serras que se estende até à Estrela. Se quiser informações mais detalhadas pode obtê-las no Posto de Informação Turística onde em breve funcionará também a Loja das Aldeias do Xisto. Lá, certamente o aconselharão a provar o cabrito estonado, uma das especialidades gastronómicas do Concelho de Oleiros.

Igreja da Misericórdia de Mangualde

Igreja da Misericórdia de Mangualde

A construção deste belíssimo imóvel sucedeu entre 1720 e 1764, segundo risco de Gaspar Ferreira, arquitecto de Coimbra.

Igreja e Sacristia, Casa de Despacho, Torre, Casas de Capelão e arrumações de rés-do-chão, constituem um todo harmonioso onde ressalta a originalidade de uma varandaaberta sobre um pátio dando ares de residência fidalga a tal conjunto.


O interior da igreja é de uma extraordinária beleza. A capela-mor possui o mais artístico retábulo joanino da diocese de Viseu, o tecto mostra 15 formosos painéis pintados em Lisboa no séc. XVIII e os azulejos vieram de Coimbra em 1724 (capela-mor) e 1746 (nave) representando símbolos marianos e diversas cenas como as Bodas de Caná, S. Martinho, Multiplicação dos Pães e Queda de Maná.

A igreja foi considerada Imóvel de Interesse Público, através do Dec. 129/77, Diário da República 226, de 29 de Setembro.

Igreja da Misericórdia de Torres Vedras

Foi construída entre 1681 e 1752, sendo a sua porta principal encimada por aletas, que envolvem as armas reais. Recentemente sofreu obras de restauro.

Igreja de uma só nave, apresenta à entrada o coro alto sustentado por colunas de fustes estriados, assentes em altos socos.

As paredes são decoradas com telas e silhares de azulejos do século XVII e no tecto de abobada de berço, pinturas muito escurecidas com as armas de D. João V e o Brasão com a Comenda da Ordem de Cristo.

A capela-mor, decorada com mármores pretos, tem três altares com talha do século XVIII e frontais de couro pintado e lavrado do mesmo século.

No cruzeiro dois grandes painéis de azulejos do século XVII que representam a "Deposição da Cruz" e Nossa Senhora da Misericórdia e uma teia de pau-preto, de colunelos torneados e sustentada por colunas de mármore.

Dispõe de azulejos do século XVII, com motivos profanos.
Na sacristia, realce para a tela Visitação, (Josefa de Óbidos); um arcaz setecentista com pregarias em bronze da época, uma mesa de mármore com pé de balaustre sobre a qual se vê um baldaquino de talha dourada, de estilo "rocaille". O seu tecto, em abobada, é centrado e cantonado com peças em talha de madeira dourada.

Igreja da Misericórdia de Peniche

Esta igreja seiscentista, anexa ao antigo hospital da Santa Casa da Misericórdia de Peniche, encontra-se integrada no casario da antiga vila de Peniche.

De fachada pombalina terminada em frontão triangular, com fogaréus, ostenta no seu interior, de uma só nave, uma rara beleza decorativa, visível nos painéis azulejares, nas pinturas a óleo que decoram as paredes bem como no tecto decorado com caixotões pintados.
Elementos de interesse:

Painéis de azulejos seiscentistas;
Tecto do séc. XVII, com 55 caixotões ilustrando cenas do Novo Testamento, Livro dos Actos e Apocalipse;
Pinturas a óleo, algumas de grande dimensão, com cenas alusivas a acontecimentos evangélicos;
Colecção de pinturas a óleo da autoria de Josefa de Óbidos e Baltazar Gomes Figueira;
Tribuna da irmandade;
Túmulo de D. Luís de Ataíde (3º Conde de Atouguia da Baleia e Vice-Rei da Índia entre 1568 e 1571 e 1577 e 1580);
Retábulo flamengo, da Escola de Bruxelas, do séc. XV, na exposição de Arte Sacra anexa à Igreja da Misericórdia de Peniche.
Imóvel de Interesse Público Largo 5 de Outubro, Cidade de Peniche Freguesia de Nossa Senhora da Conceição

Celebrações Religiosas: Quarta 5ªf de cada mês.


Coordenadas GPS: lat. 39 21 26.9117; long. -9 22 44.5227