sábado, 1 de novembro de 2008

Cabeção

A igreja foi sagrada em 1600, com licença do arcebispo de Évora D. Teotónio de Bragança; é um templo modesto na sua arquitectura, sofreu remodelações, uma das quais em 1752, data que se encontra inscrita sobre a porta. No interior são dignos de nota os doze quadros que revestem as paredes, com temas pictóricos recolhidos da Bíblia.

Descrição: “ (...) Está situada na velha Praça Forense, com fachada para o lado meridional, de frontão triangular ladeado, nos acrotérios, por pináculos de andares rematados de fogaréus estilizados. É abraçada por pilastras de alvenaria e a portada , granítica tem o cronograma latino: MDCCLII, que corresponde a uma reforma anterior ao terramoto. No eixo, sotoposto, nicho de molduras arredondadas, vazio de escultura.

O interior compõe-se de nave de planta rectangular, coberta por abóbada de berço dividida em caixotões barrocos, geométricos, relevados, com florões naturalistas, de tinta de água, que ocultam uma primitiva pintura mural.

A capela- mor, de secção quadrangular,(...)manteve a composição do tecto, de meio canhão, com cinco painéis pintados sendo o central, ovolado, da Apoteose da Virgem da Conceição (...) Os restantes quadros representam Obras de Misericórdia Temporais (...) Este conjunto da nave e do presbitério, deve pertencer a uma só empreitada, embora constituída por mais de um oficial de pintura, anónimos e , provavelmente, mestres estabelecidos em Évora (...) Enquadra-se perfeitamente no ciclo barroco de cerca de 1600.

O retábulo do altar- mor, lavrado em talha dourada e colorida, do tipo clássico, com colunas da ordem jónica, estrias e friso superior de triglifos estilizados (...) conserva (...) o políptico de pintura a óleo (...) do ciclo maneirista .



A sacristia tem lavabo de mármore com empena de enrolamento, o tecto abatido, plano, decorado com as armas reais de Portugal, coloridas, também setecentistas, envolvidas por opulento paquife rococó, de molduramento e ornatos angulares guarnecidos de cartelas e dos habituais elementos artísticos . (...) “



Espanca, Túlio, Inventário Artístico de Portugal- Distrito de Évora, Lisboa, Academia Nacional de Belas- Artes, 1975.

Contexto: A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Cabeção, que teve anexo o Hospital de Santa Cruz, foi instituída entre 1597-9 e o templo, erguido a poder de esmolas do povo e subsídios do primeiro Provedor e Mordomos, teve a sua sagração em dia indeterminado do ano de 1600, com licença do arcebispo de Évora D.Teotónio de Bragança .



A Igreja, modesta e concebida na projecção habitual da arquitectura religiosa rural alentejana, mantém a estrutura primitiva, embora acuse os reparos e aditamentos propostos depois do terramoto de 1755, que lhe provocou alguns estragos, mas pouco profundos.

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